Um estudo sobre o conselho tutelar na cidade do rio grande na ótica da educação ambiental : o papel dos conselheiros tutelares
Autor: Adriana Matos de Carvalho Mendes (Currículo Lattes)
Resumo
As críticas às práticas dos conselheiros tutelares emergem de profissionais de diferentes contextos. Isso evidencia dificuldades na comunicação entre esses agentes sociais e as pessoas atendidas por esta entidade. Sob a ótica da teoria bioecológica do desenvolvimento humano, o trabalho do conselheiro tutelar estaria dimensionado em todos os sistemas de desenvolvimento, do micro ao macrossistema, os quais muitas vezes influenciam direta e indiretamente o que ocorre, nos diversos ambientes com diferentes indivíduos. Além disso, este profissional é também considerado uma pessoa em desenvolvimento e, portanto requer atenção específica. As ações destes profissionais junto às famílias podem interferir de forma positiva ou negativa nos contextos de relações mais próximas. Por isso ressalta-se a importância da atuação dialógica e educativa dos conselheiros tutelares no atendimento às famílias e a necessidade de implementação desta relação com os outros serviços de apoio social. Com base nos pressupostos teóricos e metodológicos da bioecologia do desenvolvimento humano e princípios da educação ambiental, o presente projeto visou a compreender e investigar o papel, a postura e as práticas dos conselheiros tutelares no atendimento às crianças, adolescentes e famílias. As estratégias de coleta de dados foram: revisão bibliográfica sobre o tema; entrevista semi-estruturada com três conselheiros tutelares (um representante de cada conselho do Rio Grande/RS) e o diário de campo com observações naturalísticas. Os resultados evidenciaram que as conselheiras entrevistadas eram mulheres com diferentes motivações e sentidos pessoais para estar nesta função. As participantes denotaram consciência de que o foco de seu papel é fazer cumprir os direitos das crianças e adolescentes, salientando ações tais quais: orientação, acompanhamento, encaminhamento, requisição e acolhimento. Seu papel é percebido com mais ênfase na burocracia em detrimento do exercício de práticas educadoras, embora acentuem a necessidade de zelar e cuidar dos usuários do CT. As dificuldades ressaltadas foram: o excesso de casos, infra-estrutura deficitária e o pouco apoio da rede social, além da ambivalência do olhar da comunidade para com os conselheiros (ora reconhecido, ora desmerecido). A pesquisa evidenciou a necessidade de preparo e fortalecimento da categoria destes profissionais através de políticas públicas que visem à formação de um conselheiro como educador socioambiental.