Descolonizando a educação ambiental : o terreiro como aporte teórico para a construção de uma educação ambiental antirracista
Autor: Paula Ferreira dos Reis (Currículo Lattes)
Resumo
A presente dissertação tem como temática central a relação entre a educação de terreiro e a educação ambiental. A partir do ebó epistemológico proposto por Rufino (2019), busco traçar o encontro da educação ambiental com a educação de terreiro para construir uma possibilidade epistemológica antirracista no campo da educação ambiental. Entre as abordagens metodológicas para a realização desse estudo, me debruço na pedagogia das encruzilhadas (Rufino, 2019), na leitura imanente como um método de estudo que sistematiza das leituras (Bezerra e Amonyta, 2019) e a escrevivência de Conceição Evaristo (2020), por compreender que esse texto passa também pela minha história, sendo em vários momentos utilizado a primeira pessoa do singular, para se referir a minha trajetória acadêmica e a pesquisa, e em outros, a primeira pessoa do plural, por ser uma sabedoria ensinada e aprendida no coletivo, a partir de uma história comunitária que não se espelha em Narciso mas sim no abebê de Oxum. Também utilizo o conceito de oralitura, Martins (2021), pelo terreiro versar sobre uma linguagem que articula a fala - o corpo - o território, em uma relação dialógica em que a natureza e a oralidade constituem a identidade dos sujeitos. Por fim, coloco nesse balaio, as cartas pedagógicas propostas por Paulo Freire, que irão abrir cada capítulo dessa dissertação, e em que educação, vida e afeto se entrelaçam no fazer acadêmico. O estudo baseia-se no objetivo geral que é investigar o terreiro enquanto espaço de produção de vida e saberes que constituem uma educação ambiental crítica ancestral. Nos objetivos específicos busquei investigar qual foi a educação ambiental que esses espaços construíram na reconstrução da África no Brasil, entender como os terreiros nos ajudam a pensar uma nova forma de existência no mundo e investigar quem foram os sujeitos que construíram e constroem a educação ambiental de terreiro. O estudo alcançou todos os seus objetivos na elaboração de cada capítulo a partir de autores como Frantz Fanon, Silvio Almeida, Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, Cida Bento, Marta Ferreira, Carlos Frederico Loureiro, Paulo Freire, entre outros. A partir da análise sobre a constituição dos terreiros no Brasil e como a educação de terreiro impacta a vida das filhas e filhos de santo, foi possível constatar a mudança no desvio colonial (Fanon, 2019) que esses espaços produzem na subjetividade de pessoas pretas, conduzindo-as pela busca de dignidade, autonomia e resistência ao colonialismo e capitalismo. Ao fim da pesquisa, também concluí a importância dos valores civilizatórios iorubás na construção da subjetividade negra positiva, que não tem como o ser ideal as pessoas brancas e sim as orixalidades que compõem o nosso Ori