Afroescrevivências: um diálogo com as intelectuais kilombolas à luz de Conceição Evaristo e a Educação Ambiental
Autor: Maria Escarlate Pereira (Currículo Lattes)
Resumo
A pesquisa tem por objetivo revelar as experivivências de mulheres negras kilombolas do kilombo Coxilha Negra, que, geograficamente, está localizado na zona rural do município de São Lourenço do Sul, região Sul do Rio Grande do Sul, trazendo as vozes que ecoam da comunidade, por meio de mulheres negras Kilombolas. A metodologia da pesquisa é inspirada no conceito de "Escrevivência" de Conceição Evaristo, evidenciando a oralidade e a ancestralidade como categorias fundamentais para a produção e a reprodução social. A pesquisa se desenvolve pelo diálogo das narrativas das mulheres kilombolas e as pensadoras negras, notadamente Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento e Grada Kilomba, ao pautar as questões raciais e a educação popular e ambiental que atravessam nossas vidas. Para além do trabalho téorico e acadêmico, foi importante a contribuição de duas mulheres negras e Kilombolas, que são chamadas de intelectuais da comunidade, justamente por serem grandes dentro do Kilombo. Assim, esta pesquisa se mantém fiel à Conceição Evaristo, que orienta sobre Necessidade de falar e escrever sobre nossas vivências e histórias, que, por muitas vezes, são anuladas e silenciadas por um sistema extremamente racista. Os principais resultados obtidos foram a emergência das temáticas: potência de oralidade; vivências coletivas; valorização do saberes ancestrais; atravessamentos sofridos pelos corpos negros femininos; práticas socioambientais e racismo nas suas perversas formas. A oralidade é herança viva do nosso povo, sendo por meio dela e de uma escuta sensível e acolhedora que as narrativas são compartilhadas. Nas palavras do Mestre Antônio Bispo dos Santos, "mesmo que queimem a escrita, não queimarão nossa oralidade; mesmo que queimem os símbolos, não queimarão os significados; mesmo queimando o nosso povo, não queimarão a ANCESTRALIDADE".